segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O amor à primeira aritmética...

POEMA

Um Quociente apaixonou-se
Um dia Doidamente
Por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
E viu-a, do Ápice à Base...
Uma Figura Ímpar;
Olhos rombóides,
boca trapezóide,
Corpo ortogonal,
seios esferóides.

Fez da sua
Uma vidaParalela à dela.
Até que se encontraram
No Infinito.

"Quem és tu?"
indagou ele Com ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode chamar-me Hipotenusa."
E de falarem descobriram que eram
O que, em aritmética, corresponde
A alma irmãs
Primos-entre-si.

E assim se amaram
Ao quadrado da velocidade da luz.
Numa sexta potenciação
Traçando Ao sabor do momento
E da paixãoRectas, curvas, círculos e linhas sinusoidais.
Escandalizaram os ortodoxosdas fórmulas euclidianas
E os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianase pitagóricas.
E, enfim, resolveram casar-se.
Constituir um lar.
Mais que um lar.Uma Perpendicular.
Convidaram para padrinhos
O Poliedro e a Bissectriz.
E fizeram planos, equações ediagramas para o futuro
Sonhando com uma felicidade Integral E diferencial.

E casaram-se e tiveramuma secante e três cones
Muito engraçadinhos.
E foram felizes.
Até àquele dia
Em que tudo, afinal,se torna monotonia.
Foi então que surgiu O Máximo Divisor Comum...
Frequentador de Círculos Concêntricos.Viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,Uma Grandeza Absoluta,
E reduziu-a a um Denominador Comum.
Ele, Quociente, percebeu
Que com ela não formava mais
Um Todo.Uma Unidade.
Era o Triângulo,chamado amoroso.
E desse problema ela era a fracção
Mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade.
E tudo que era espúrio passou a ser
Moralidade
Como aliás, em qualquer Sociedade.

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